Será que minha ansiedade é normal ou patológica?

A ansiedade ajudou nossos ancestrais a sobreviverem em um ambiente hostil, repleto de perigos. Entretanto, milhões de anos depois, em um mundo aparentemente mais seguro, a ansiedade se tornou um problema para grande parte da população. E o Brasil é o país com o maior número de pessoas com transtornos de ansiedade. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 23,9% dos brasileiros apresentam algum tipo de transtorno ansioso.

Mas, afinal, quando a ansiedade passa de um sentimento comum e vira um transtorno mental? Segundo a neuropsicóloga Thaís Quaranta, todas as pessoas podem se sentir ansiosas, em diferentes níveis, em diversas situações ao longo da vida.

“A ansiedade é um sentimento comum que pode surgir antes de uma viagem, de uma reunião importante, antes de uma prova, no dia do casamento, do nascimento de um filho, entre outras situações. O que pode indicar que ansiedade está fora do controle ou se tornou patológica é quando ela interfere nas atividades e impede que a pessoa trabalhe, estude, saia de casa, entre em avião, vá a um supermercado. Ou seja, quando causa prejuízos importantes na capacidade funcional do indivíduo”, explica Thaís.

Outra questão importante levantada pela neuropsicóloga é que os critérios para o diagnóstico de um transtorno ansioso levam em consideração não só os prejuízos funcionais, como também o tempo de manifestação dos sintomas. “Os sintomas precisam estar presentes na maioria dos dias, por pelo menos seis meses ou mais, com danos na vida profissional, acadêmica, familiar e social”, comenta.

Ansiedade: mil e uma formas
A ansiedade patológica pode se manifestar de diferentes maneiras. Os transtornos ansiosos mais conhecidos são o Transtorno da Ansiedade Generalizada (TAG), o Transtorno do Pânico (TP), o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), o Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT) e as Fobias, como a Agorafobia e Fobia Social.

“Todos os transtornos ansiosos têm manifestações semelhantes. Normalmente, a ansiedade e o medo são desproporcionais aos estímulos. Surgem sem motivos aparentes, comprometem o bem-estar e a qualidade de vida, assim como são acompanhados por sintomas físicos. Um bom exemplo são as pessoas com Transtorno do Pânico, que costumam procurar o pronto-socorro com sintomas de um ataque cardíaco, como batimentos acelerados, sudorese, tontura, enjoo, formigamento nos braços, entre outras manifestações físicas”, comenta Thaís.

Medo x Ansiedade
“O medo é mais restrito a situações externas e específicas, como andar de avião, por exemplo. A ansiedade é uma antecipação de uma ameaça e não está ligada a situações externas, nem a algo específico, é mais vago. Porém, os dois sentimentos podem aparecer juntos, de acordo com o tipo de transtorno ansioso. Na verdade, um pode levar ao outro”, cita a psicóloga.

Outras manifestações que podem indicar um transtorno ansioso são cansaço crônico, irritabilidade, inquietação, insônia, dores musculares, problemas gástricos, falta de memória e concentração. “É importante citar que a ansiedade leva o cérebro a realizar milhões de conexões neurais desnecessárias, com pensamentos muito rápidos e elevado nível de estresse. Por isso, a pessoa pode se sentir mais cansada, esquecida e com maior dificuldade em reter novas informações, por exemplo”, explica Thaís.

Abordagem Cognitiva Comportamental
Após o diagnóstico, há diversas maneiras de tratar os transtornos ansiosos. Porém, é muito importante que além de medicação, o paciente realize algum tipo de psicoterapia. Atualmente, a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) é uma das abordagens terapêuticas mais indicadas para tratar os transtornos da ansiedade

“A TCC busca mudar ou eliminar os pensamentos disfuncionais, para alterar os padrões de comportamento. A terapia também fornece recursos para que o paciente consiga reduzir o grau da ansiedade e enfrente as situações para devolver sua capacidade funcional e melhorar a sua qualidade de vida como um todo”, encerra Thaís.

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